Crítica: Aliados (2016) | Entre a paixão e a suspeita.

Aliados é o novo filme do ilustre diretor de Náufrago, Robert Zemeckis e acaba de entrar em circuito brasileiro. Estrelado por Brad Pitt, Marion Cotillard e Jared Harris, Matthew Goode e Lizzy Caplan, o longa é ambientado na década de 40, onde dois espiões, Max Vatan e Marianne Beausejour, se apaixonam após uma missão no Marrocos e decidem se casar. Porém, o problema surge anos depois, com suspeitas sobre uma conexão entre Marianne e os alemães. Intrigado, Max decide investigar o passado da companheira e os dias de felicidade do casal vão por água abaixo. Com referência a clássicos como Casablanca, por exemplo, o filme tem um visual fantástico! Já o conferimos e a experiência foi bem proveitosa!

Na história, acompanhamos Max Vatan (Pitt), que em plena 2ª Guerra Mundial, chega a Casablanca, no Marrocos, para conhecer a mulher que irá se apresentar como sua esposa na missão de eliminar um embaixador nazista. Ele é um espião canadense, enquanto ela, Marianne Beausejour (Cotillard), é francesa. Segundo ela, o seu francês é muito bom, mas seu sotaque parisiense precisa melhorar, até por conta do disfarce. Eles vivem juntos sob o pretexto de estarem casados, ao mesmo tempo em que preparam o infame assassinato. O interessante é que vemos como há realmente uma afinidade entre os atores, a sinceridade no olhar de um para com o outro e que, inevitavelmente, ele se apaixonariam. Devido a isso, o primeiro ato não deixa de citar claras referências ao clássico Casablanca de 1942 e em vista disso, óbvio que a proposta terminaria ali. Entretanto, em Aliados, a trama foca mais no quesito das mesmas pessoas que lutam com conflitos internos, sofrerem ameaças e seu amor ser esmagado. No entanto, voltando ao contexto principal, eles se casam e têm uma filha, até que não demora muito pra que Max seja informado de que Marianne possui ligações com os alemães. Sob investigação, ele deve executá-la caso revele que as suspeitas são verdadeiras.

Será que além do laço formado e da família que criou com ela, Max tomará a decisão certa? Este foi o questionamento que mais me veio à mente durante a sessão: saber se a protagonista em questão era de fato uma traidora ou não. Foi possível perceber que o conceito do enredo trata sobre o amor tentando florescer em um mundo que não tem lugar para ele: o dos espiões. Ali, o amor pode não ser tão cabível porque os amantes estão sempre tramando peças. Inclusive, eles chegam ao ponto de já não saberem o que é real ou não e depois de um tempo nem serem capazes de reconhecer a si mesmos, o que pode ser mortal para ambos.

Então por mais que tudo no trailer indicasse que sim, há algo de errado dentro daquele relacionamento, muitos dos acontecimentos nos levam a acreditar que Marianne pode ser uma mulher inofensiva, que busca apenas viver uma vida tranquila com o marido em meio a terrível guerra daquele período. Aliás, Marion Cotillard está linda, com uma performance sublime, que beira à perfeição. Não obstante, o que se sucede da primeira pra segunda metade da película compensa para que fiquemos atentos à sequência de eventos mais tensos. Tudo em razão de pensar que a fita tem muito mais a nos ensinar e o roteiro aborda isso com alguns chavões, porém nada que prejudique o desenvolvimento em geral. Além disso, a forma como Zemeckis utiliza os movimentos de câmera contribuem para a narrativa fluir naturalmente, bem como as transições e o uso do som, que também foram pontos fortes no filme.

O diretor procura ainda trabalhar mais na fabricação do romance do que do suspense propriamente dito, ao internalizar o conflito de lealdade de Max e sua família com os outros integrantes da guerra. Sendo assim, uma vez que a acusação é feita, o espião é forçado por Frank Heslop (interpretado pelo plausível Jared Harris) e pelo Oficial das Operações Especiais (Simon McBurney) a tentar se comportar normalmente enquanto conduz uma investigação encoberta e não autorizada. De imediato, ele quer desesperadamente exonerá-la. Mas antes disso, deve tirar a prova real. É aí que, ao seguir pistas, Max ouve o que personagens como Guy Sansgter (na pele do ótimo Matthew Goode) e Paul Delamare (Thierry Frémont) tem a dizer, na tentativa de obter notícias que ele pretende escutar. Independente se o que vai ouvir for verdade ou não, Max tem um objetivo e por bem ou mal, luta para desvendar o segredo de Marianne. Agora, que Brad Pitt é um baita ator, todos sabemos e aqui ele não decepciona. Seu desempenho como Max está admissível e o público vibra com cada mistério oculto que é descoberto pelo figurante.

Outrossim, não é à toa que o cineasta é um mestre em mesclar efeitos visuais sem emenda com histórias arrebatadoras. É por esse motivo que o filme carrega justamente essa sensação de realismo, com cenas que tiram o nosso fôlego e ainda por cima, nos emocionam (vide o terceiro ato). Portanto, em síntese, diria que Aliados me surpreendeu positivamente! Não esperava tanto de uma obra cujos elementos apesar de meio clichês, podem ser pisados em cima e, por conseguinte, impressionar até o espectador que não espera por um final satisfatório. Resumindo: vale a pena conferi-lo nas telonas!

Título Original: Allied

Direção: Robert Zemeckis

Duração: 124 minutos

Nota:

Confira o trailer abaixo:

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