Crítica: 72 Horas Depois

Às vezes, devido a certas circunstâncias, temos vontade de darmos pulos temporais e nos vermos já em um ponto futuro, sem precisarmos passar pelo que ocorreu até ele. Mas como diria o Millor Fernandes: “A vida é boa, pena que temos que viver todos os dias”. O máximo que podemos apagar é acordar com lapsos de memória além de uma pesada dor de cabeça depois de uma noite regada a muito álcool. Mas aí o problema de não lembrar o que fizemos, que é quase impossível, é conviver com as circunstâncias que o homérico porre provocou na etílica noitada. E se você acordar e ver que sua mulher, seu parceiro de trabalho e sua vida sumiram e você apagou por três dias e não se lembra de nada, como ocorreu isso, o que você faria? Essa mirabolante suposição é a trama principal de 72 Horas Depois (Last Three Days), de Brian Ulrich que pode ser conferido através da A2 filmes em diversas plataformas para aluguel online.

72 HORAS DEPOIS
EUA | 2020 | 86 min. | Ação – Suspense | 14 anos

Título Original: Last Three Days
Direção: Brian Ulrich
Roteiro: Brian Ulrich
Elenco: Robert Palmer Watkin, Thomas Wilson Brown, Deborah Lee Smith, Roy Huang, Gina Hiraizumi, Clint Jung, Holly Hawkins, John Rozelle
Distribuição: A2 Filmes

Sinopse: Depois de se envolver com um perigoso sindicato do crime, um policial disfarçado acorda e descobre que está sentindo falta de seu parceiro, sua esposa, e três dias de sua vida.

O filme narra a história de Jack, que desde os tempos de faculdade conhece Beth, sua amada companheira. Os dois vivem um intenso relacionamento, começam a fazer suas vidas, e com o passar dos anos Jack é um policial que quer crescer na corporação e se tornar um detetive. Mas para isso precisa mudar de turma e conduta. E acaba facilmente manipulado pelo ambicioso colega e detetive Dave que convence Jack que a vida muda ao se tornar um detetive. Pouco a pouco o casamento de Beth e Jack começa a ruir devido ao comportamento do policial que começa, juntamente com Dave, a se meter com perigosos mafiosos japoneses que pretendem, com uma droga nova, tomar conta do crime. Um dia então, Jack depois de uma briga com Beth e uma noitada com os amigos policiais numa sexta, acaba acordando apenas num domingo. E vê que em três dias sua vida mudou por completo e ele não tem a mínima ideia de como isso pode ter acontecido.

Não dá para negar que a ideia de Brian Ulrich, diretor e roteirista do longa, é excelente. O que poderíamos ter feito em três dias que simplesmente sumiram de nossas vidas e que talvez possam ser consertados como se fosse uma viagem do tempo? Mas pena que a ideia é muito mal executada. O filme até começa bem, mas depois perde muito tempo no relacionamento do casal desde os primórdios passando anos chegando ao ponto que culmina na mudança de comportamento de Jack. Mas só aí vai uns 40 minutos, sendo que o filme tem quase 90 minutos. Quando a coisa engrena, ou tenta, começa um festival de confusão e embaralhamento mental na cabeça do espectador. O que será que pode ter dado poderes de viagem no tempo ao nosso herói? Ou a droga da Yaku tem o poder de fazermos coisas impensáveis e simplesmente apagar de nossas memórias esses fatos? Enfim, ao contrário de alguns filmes que dúvidas ficam no ar para refletirmos e nós mesmos criarmos nossas respostas, 72 Horas Depois confunde tudo e dá poucas pistas, não de propósito, e sim porque é mal amarrado e explicado mesmo. Jack, interpretado por Robert Palmer Watkins, realmente pouco convence como o outrora apaixonado e carinhoso Jack e que do nada vira um confuso e ambicioso detetive, disposto a largar tudo pela carreira. Aliás, surpreende a agilidade e perícia com armas e técnicas de luta do personagem, enfrentando assassinos e exércitos mafiosos com uma facilidade…

O melhor do filme é Thomas Wilson Brown, como o ambicioso Dave, esse sim, interpretando um corrupto e cafajeste policial de maneira muito natural e realista. Um dos pontos negativos é a edição de som péssima, muitas vezes diálogos são praticamente abafados pelos efeitos sonoros e a irritante trilha, deixando momentos que poderiam ser de tensão em momentos de pura confusão sonora. O melhor do filme mesmo são as cenas de combate com as fugas automobilísticas do personagem, os tiroteios com os japoneses e lutas muito bem executadas e que conseguem prender a atenção para quem quer um bom filme de ação.

Mas 72 Horas Depois fica por aí mesmo, a confusão do roteiro transforma o filme que tinha um belo potencial para misturar ação e uma história arrojada, num simples entretenimento que tentou, com ares de pretensão e de filme “cabeça”, só que passou longe disso.

72 Horas Depois chega nas principais plataformas digitais em cópias dublada e legendada, o primeiro filme do diretor e roteirista Brian Ulrich e estrelado por Robert Palmer Watkins (da série “The Walking Dead: Um Novo Universo“), Thomas Wilson Brown (“O Golpe Perfeito” e do seriado “O Mundo É dos Jovens“), Deborah Lee Smith (“Star Wars: The Force and the Fury“) e grande elenco.

O filme pode ser adquirido para aluguel e compra no NOW, Looke, Vivo Play, Google Play, Microsoft, iTunes e Sky Play.

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