Cinco fan films com baixo orçamento, mas que honraram as obras originais.

Antes de iniciar esse post propriamente dito, peço que vejam antes o outro que está diretamente ligado a este e que conta com outros 5 fan films e curtas-metragens infinitamente superiores às produções de Hollywood.

Este post seguirá os mesmos moldes do anterior, porém não irei me ater às comparações com produções de Hollywood. A verdade é que existem incontáveis fan films que são verdadeiras obras de arte e servem para comprovar que o bom cinema só depende de paixão pelo que se faz (principalmente quando há um orçamento milionário por trás).

Ao final de cada análise dos fan films vocês encontrarão os mesmos disponíveis para assistir. E não se preocupem, eu nunca estrago a surpresa de uma obra.

Hoshino (2016)

Comecemos pelo fan film chamado Hoshino, dirigido por Stephen Vitale, baseado no universo criado por George Lucas. Claro que estamos falando de mais um curta inspirado em Star Wars.

Lançado em 2016 e disponível no canal do Youtube do próprio Stephen Vitale, Hoshino é a história de uma jovem padawan chamada Ho Hoshino (Anna Akana) que tem o sonho de treinar realmente com um sabre de luz. As cenas dela com o Mestre Jaan-Xu (Tim McKernan) mostram uma garota ainda impetuosa e impaciente, talentosa e incapaz de compreender parte dos ensinamentos de seu mestre (creio que essa seja uma característica muito comum em pessoas jovens). Ela tem a “Força” consigo, mas sua vontade em portar o sabre de luz é mais rápida que o treinamento, algo perigoso para ela e seu Mestre.

A trama é curta (pouco menos de 6 minutos) e eficiente; inicialmente vemos uma mulher aparentemente cega, focada em peças de um sabre frente a ela. Suas habilidades são grandes e podemos vê-la montar lentamente a arma, sem tocá-la. Entremeada a essa demonstração de conhecimento e poder, assistimos aos flashbacks de treino, alguns diálogos entre a aprendiz e seu Mestre e, por fim, os eventos que a levaram à cegueira.

Hoshino mostra muito mais que as tradicionais lutas com sabre de luz. Há aprendizado, reflexão sobre a paciência e a ponderação sobre os ensinamentos passados pelos mais experientes. Claro que há o alerta sobre as consequências de nossos atos, mas tudo feito de forma bastante inteligente e sempre com respeito à mitologia de Star Wars.

E sim, há ótimas cenas de luta com os famosos Lightsabers.

Acredite, você vai querer ver uma “História Star Wars” com a jovem Hoshino.

The Dark Knight Returns – An Epic Fan Film (2016)

Retirado diretamente das páginas de Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, este fan film não tem a mesma qualidade de Hoshino, mas é uma adaptação muito fiel ao que vimos na HQ que ajudou a mudar os rumos dos quadrinhos, reforçando aquilo que fora iniciado com o mestre Will Eisner: as graphic novels.

A trama tem partes da história original (algumas com efeitos bem básicos) que são recriadas o mais fielmente possível (é visível o baixo orçamento). A busca dos realizadores deste projeto por levar ao espectador uma experiência o mais próxima da HQ é vista nos figurinos, locações e na semelhança física de alguns atores. Personagens como o Coringa, a Gangue Mutante, Alfred,  Carrie Kelley (a Robin), Gordon e outros é muito boa. Entretanto, o ponto alto está na reprodução quase fiel de cenas inteiras da trama.

The Dark Knight Returns – An Epic Fan Film não é uma obra-prima do cinema, tem falhas e altera pequenas passagens. Há limitações no elenco e até mesmo no próprio diretor. Isso, contudo, não impede que o espectador divirta-se com uma parte daquilo que foi retirado da mente de Frank Miller. Limitado ou não, o fan film serve para mostrar que a história (na íntegra, claro) merece ir ao cinema ou se tornar uma série.

Confiram os 45 minutos desta produção que foi ousada ao tentar extrair para a tela uma das melhores histórias do Batman e, certamente, de Frank Miller. Uma coisa posso afirmar: mesmo incompleta, esta obra é muito melhor que a animação baseada na HQ, lançada em duas partes (???) pela Warner Bros.

Elenco principal: Bruce Wayne / Batman – Wyatt Weed, Jim Gordon – Rick McGougan, Alfred Pennyworth – John Contini, Bill – John Reidy, Dave – Robert Lee Davis, Carol Ferris – Taylor Pietz , Ellen Yindell – Amber Eslow Winingham, Spike – Bill Finkbiner, Vítima de Spike – Catherine Dudley-Rose, Assassino psicopata – Mike Dowdy, Silk – Reggie Reese, Joannie – Bryanna Gilomen , Jovem Bruce Wayne – Liam Gallagher (não é o cantor do Oasis), Taxista – Jason Contini, Carrie Kelley – Ava Osthus, Michelle – Maya Tunstall, SpudSean Lee Smith,  Roc – Brock Roberts, Don – Oliver Sparton, Rob – Sebastian Lee, Bullock – Nicholas J. Hearne, entre outros.

Dark Jedi – A Star Wars Fan Film (2019)

Outra linda obra dedicada a homenagear (e indiretamente mostrar o quanto a franquia tem de potencial a explorar) o universo Star Wars.

A trama é simples e mostra apenas a tentativa da jedi Maree (interpretada por Marie Mouroum) de trazer para o lado correto da Força seu amigo, o também jedi Ama-Jin, cujo papel foi confiado ao ator Amadei Weiland.

O filme contou com a direção, roteiro e coreografia de Lorenz Hideyoshi Ruwwe. Aliás, vale destacar o esforço do diretor e dos protagonistas para entregar ao espectador uma obra à altura dos melhores filmes da franquia. Mas o que há de tão especial para que este fan film entre nesta lista? Primeiro, a fidelidade à mitologia de Star Wars, seja através da inclusão de jedis que lutam para se manter no lado “correto” da Força (algo visto comumente em vários episódios no cinema), seja por intermédio de combates com sabre de luz que mostram – novamente – o quanto o potencial visual e a ação com estas armas foi pouco aproveitado na maioria dos filmes. Segundo, o uso da Força é muito mais crível, sobretudo por não elevar os jedis à categoria “super humanos”. Terceiro, a equipe se virou como pôde para filmar em uma locação real (uma floresta), num frio de doer e com interrupções por parte de pessoas que não sabiam se tratar de uma filmagem. Mas o esforço valeu muito…

Por se tratar de um embate entre dois amigos, o curta não evolui muito na história pessoal deles, porém é fácil perceber que há uma forte ligação entre o casal, ligação esta que será a força-motriz por trás do plot twist.

Breves minutos que têm muito mais impacto que obras inteiras de Star Wars. Assistam ao fan film e, na sequência, ao making of.

Making of

Trickster – The Matrix Fan Film (2014)

Um dos mais cultuados universos criados pelo cinema, The Matrix dividiu opiniões em sua trilogia, mas o fato é que ninguém pode negar seu sucesso e a influência dele em outras obras. Quadrinhos, livros, cosplayers, animações e,claro, fan films foram produzidos em larga escala. Uma destas obras é o curta Trickster, totalmente ambientado na Matrix.

Com direção de Felix Joleanes, o filme mostra em pouco mais de três minutos a tentativa de fuga de uma rebelde, mesmo perseguida e caçada por Sentinelas.

O clima do curta é tenso e – novamente com pouquíssimo recurso – consegue se aproximar daquilo que vimos na Trilogia original.

Nele, vemos uma mulher infiltrada na Matrix (tal como o próprio Neo), interpretada por Brigitte Hernández, oriunda de uma das naves de Zion, provavelmente abatida por Sentinelas.

Um dos destaques da obra está na trilha sonora, composta e conduzida por Alejandro Ramírez Rojas.

Grayson (2002)

Um interessante curta-metragem – dirigido por Gabriel Sabloff – que na verdade tem a função de ser um “trailer” de um filme cujo protagonista é ninguém menos que o menino-prodígio, o Robin. Vale destacar que esse filme jamais existiu, mas creio que verão grande potencial em uma produção que trouxesse tantos elementos do universo do Batman e outros heróis/vilões da DC Comics.

 O “trailer” mostra de forma resumida os fatos que levaram à morte do Batman, o caos que isso gerou e – ainda – as sequelas da ausência do Cavaleiro das Trevas nas vidas de todos, mas principalmente na vida de Dick Grayson, o primeiro Robin.

Em meio a uma Gotham mais corrupta do que nunca, Dick tem que retomar seu manto para fazer justiça e revelar as verdades por trás da morte do Morcego. O que ele não contava era a intrincada rede de mistérios e traições que envolvem o Superman, a Mulher-Maravilha, Comissário Gordon e muitos, muitos outras personagens que figuram nos quadrinhos.

A obra é curta (pouco mais de 5 minutos) e, mesmo assim, impacta pelo ritmo de videoclip e sua ação quase ininterrupta. As cenas são impactantes por mostrarem versões mais adultas e violentas não somente dos vilões, mas também dos heróis.

A investigação iniciada por Dick trará a ele não apenas perigos com os quais ele não tem forças suficientes para lutar; trará sobretudo a quebra da rotina e da tranquilidade que ele escolheu ao se casar com Bárbara Gordon, a antiga Batgirl. Entre fazer justiça, vingar o homem que fez as vezes de pai e manter o núcleo familiar, Dick Grayson deverá fazer dificílimas escolhas que determinarão não só o futuro de Gotham, mas seu próprio futuro.

Muitas inspirações nos quadrinhos são visíveis e há até a insinuação da clássica cena de A Piada Mortal, onde o Coringa atira em Bárbara Gordon e a torna paraplégica. Outro fato curioso está em uma armadilha que é visivelmente inspirada no seriado da década de 60 do Batman, com Adam West e Burt Ward.

Por fim, uma cena mostra um Coringa que é muito parecido com o vilão interpretado por Jack Nicholson. Imperdível!

“Bônus”: Superman Classic (2011)

Este curtíssima animação serve para mostrar o potencial dramático das aventuras do Superman. Nele, encontramos Clark e Lois saindo da redação Planeta Diário quando se deparam com um robô gigante que ataca a cidade de Metrópolis. Para variar, Clark some para dar lugar ao Superman que derrota o robô com certa facilidade.

Mas parece que desta vez as coisas não serão tão simples para o Homem de Aço!

A animação foi produzida e dirigida por Robb Pratt e traz elementos da Era de Ouro do herói, incluindo a trilha sonora (Mischa Bakaleinikoff), a indumentária, o próprio vilão e a ambientação.

Como o próprio diretor faz questão de frisar: esta é a prova de que a animação 2D não está morta.

Simplesmente sensacional!!!!

 

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