Batman Vs Superman – segunda opinião

Eu sempre sou criticado por ficar em cima do muro quando faço uma análise dos filmes. Na verdade, o que eu gosto de fazer é destacar os pontos positivos e negativos, na minha opinião, e deixar que cada um assista e tire suas próprias conclusões. E, em quase 100% dos casos, todos os filmes terão coisas boas e ruins a serem relatadas. Esse trabalho é ainda pior quando se trata de filmes que carreguem uma legião de fãs ou filmes do tipo ame-ou-odeie. E BvS se encaixa nas duas categorias.

Batman-superman-posterEntão, o que me resta a dizer (novamente, opinião completamente pessoal, respeitando todas as demais) é que Batman vs. Superman é um filme bom, mas que contém falhas. E a maior falha delas nem faz parte do filme. O ápice de todos os problemas, que me fez não conseguir curtir o filme como eu gostaria ou deveria, foi a sua campanha de divulgação. Mesmo que o diretor Zack Snyder e o estúdio Warner tenham conseguido segurar alguns pontos-chave extremamente importantes na história, foi tanta informação jogada na minha cara durante os últimos meses, das quais nem que eu quisesse tinha como fugir delas, que quase estragou a minha experiência.

Garanto que quem conseguir a façanha de fechar os olhos e entrar em uma dimensão alpha durante a exibição de qualquer trailer, comercial, cartaz, site ou crítica vai se divertir muito mais, achar o filme fantástico e colocá-lo até no seu top de melhores filmes de super-heróis. E até tem elementos para isso. Mas para quem viu qualquer coisa antes, percebeu que o grande confronto entre os heróis, principal motivo para o filme existir, iria chegar ao fim pela necessidade de juntar forças para enfrentar um perigo maior. Fico imaginando como eu ficaria empolgado, a ponto de me levantar da cadeira, se fosse uma surpresa ver a Mulher Maravilha aparecendo no clímax do filme, salvando a galera de um vilão que eu nem sabia que ia aparecer no filme. Mas não, essa cena passou no trailer, passou no cinema, passou na tv, passou no youtube, se bobear passou até em sala de aula… Espero que estejam entendendo. Não posso dizer que o filme é ruim, mas posso dizer que o filme não funcionou pra mim como eu gostaria. Momentos épicos se tornaram momentos bons. Sei lá, é como uma criança assistir a um filme de Natal já sabendo que Papai Noel não existe.

“Ah, mas você não vê o mesmo filme umas 100 vezes?” Vejo sim. Mas ao ver pela segunda, terceira ou centésima vez, vai me fazer – além de curtir o filme – me lembrar das sensações que tive ao vê-lo pela primeira vez. E, sempre que assisto a um longa novamente, procuro prestar atenção em outras coisas. E é aí que passo a comentar com vocês outras coisas que podem até ser pequenas ou detalhes, mas que me incomodaram um pouco.

O início do filme é um pouco confuso. Algumas cenas parecem mini-histórias inseridas no roteiro central. O fato de serem sonhos, pesadelos, imaginação, presságios ou sei mais lá o que forem, estão lá para nos dar pistas do que vem por aí ou algumas explicações para compor melhor o perfil dos personagens, mas em alguns momentos pra mim quebrou uma linearidade de uma forma ruim. Outra coisa é que, pra não ter cenas pós-créditos, colocaram algumas referências, aparições “surpresa” e ganchos no final do filme. Aí parecia que o filme tinha uns 5 finais (tipo o Senhor dos Anéis – o retorno do Rei, que acabava mas não terminava).

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Outras revelações inseridas no meio do filme pra mim ficaram mal aproveitadas. A essa altura do campeonato fica difícil alguém não saber que o Aquaman ia fazer uma ponta no filme. Essa eu posso dizer por mim e por todo o público que estava vendo a mesma sessão que eu. Ninguém se empolgou quando ele apareceu. Aliás, ninguém esboçou reação alguma. É porque o personagem é “inútil”? Não mesmo, sem entrar em qualquer polêmica de mérito do personagem, o surgimento do Aquaman poderia ser algo grandioso, mas… Quem sou eu para brincar de diretor ou roteirista, mas imagine o Aquaman aparecendo pela primeira vez trazendo um certo artefato que foi jogado na água durante a batalha?

Só pra terminar as críticas, pra mim o filme tem MUITO Louis. Ela tem importância fundamental, mas se bobear ela aparece mais que o Batman!!! E o Lex Luthor estava mais pra Coringa. E muito jovem pra já ser psicopata daquele jeito. Faltou uma melhor fundamentação ou contexto para sua raiva e seus planos.

O filme tem partes boas? Óbvio! O tal “Batman VS Superman” realmente é muito legal de se ver. Apesar da briga começar por um motivo besta (embora imagino que os dois estavam doidos pra medir forças, porque quando um não quer…) e terminado por um motivo mais besta ainda, a luta empolga. Muito! Eles podiam ter passado mais uns 30 minutos brigando e eu ia continuar curtindo. Por mais que as referências não tenham tido o impacto na tela que poderiam, deram o tom de como serão os próximos capítulos dessa saga. Um tom bem mais sombrio, sério, que usa o fantasioso e o imaginário (afinal, estamos falando de alienígenas e meta-humanos), mas de uma forma realista e até convincente. Foi um passo inicial necessário e bem-vindo. Pra mim, Ben Affleck está ótimo como um Batman cansado, p. da vida mas que ainda parte pra briga se precisar, e se redimiu de vez de Demolidor (2003), mostrando que nem sempre o problema de um personagem é o ator. E Henry Cavill ao menos não tenta imitar o Christopher Reeve e tenta colocar sua identidade no papel.

E, se teve uma coisa que realmente me muito deixou feliz, foi ver a Mulher Maravilha em ação. Gal Gadot desapareceu com qualquer desconfiança que eu já tive um dia pela sua escolha para o papel. Ela simplesmente encarnou a personagem de um jeito que vai ficar marcado pra sempre. Ela rouba todas as atenções e, além da luta entre os heróis, as melhores cenas disparado são dela (e, aí sim, no momento em que ela aparece “paramentada”, o público foi ao delírio. A única vez que isso aconteceu durante as 2:30h). E ver a trindade junta nos cinemas, no mesmo enquadramento, lutando ao mesmo tempo, é um sonho de criança realizado.

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Com certeza o filme funciona muito melhor para os fãs de HQ’s, que vão se divertir identificando as revistas utilizadas como referências para as cenas. E são várias. Infelizmente não leio HQ’s como eu gostaria, e por isso pode ter sido um ponto a mais para eu achar o filme bom ao invés de absurdamente sensacional. Mas, do pouco que eu conheço, também já foi suficiente para dizer que nem de longe ele é a porcaria que alguns críticos estão pintando. Algumas histórias excepcionais como “Cavaleiro das trevas” de Frank Miller, entre outras, foram muito bem adaptadas. A parte final do filme é tão legal e empolgante que quase vale pelo filme inteiro. Eu só gostaria de ter me divertido assim desde o início.

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