Annabelle 2: A criação do mal. A maldição do “segundo filme” é quebrada…

Vamos logo ser honestos com vocês, leitores! O primeiro Annabelle é um filme fraco que desagradou público e crítica. Com base nisso, as expectativas para a “sequência” eram as piores, já que estamos mais do que acostumados a ver um filme bom ou ótimo ter uma continuidade bem abaixo da qualidade do material original. Não é regra, mas é quase unanimidade.

Então, a convite da Warner, fomos à cabine de Annabelle 2: a criação do mal, exibido na sala 4DX do UCI New York City Center. Com mais honestidade ainda, não havia expectativas quanto ao filme, principalmente por levarmos em conta ser um segundo filme de uma produção fraca.

Felizmente estávamos enganados… e, ao final do post, vocês descobrirão que nem todo pedido atendido é uma benção.

Annabelle 2 é, primeiramente, um prequel, filme destinado a explicar a origem da maldição por trás da boneca feiosa que serve como via de comunicação com um espírito maligno. A história, inclusive, é baseada nos relatos do casal Ed e Lorraine Warren, demonologistas que estão presente na trama de Invocação do Mal.

Antes de prosseguirmos, que tal degustar um trailer do filme para já ir se acostumando ao sombrio universo de Annabelle?

Alerta! A partir de agora, mesmo moderadamente, teremos spoilers.

Um alto preço…

Annabelle 2 tem em sua narrativa uma grande lição embutida, conforme já citei acima, que nos faz lembrar de termos todo o cuidado com aquilo que pedimos. Felizmente, o roteirista Gary Dauberman e o diretor David F. Sandberg (Quando as luzes se apagam) mostraram sintonia ao criar um vínculo entre a família Mullins e o público, levando o espectador a compreender os motivos por trás desse “pedido”. É de dar pena, mas todo mal precisa ser castigado.

Assim, movidos pelo insano desejo de ter novamente a bela Bee (Abelhinha) com eles, os Mullins pedem a ‘qualquer’ um que possa ouvi-los para que traga de volta a filha morta em um acidente. O pedido foi ouvido, atendido e, por algum tempo, eles viram que era bom.

Só há um porém. A aparência era a da pequenina Bee, mas só a aparência, já que a essência era de uma malignidade assustadora. Enfim, diante de algo tão maléfico e poderoso, o preço para tal ousadia de trazer alguém dos mortos foi cobrado.

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios. 1 Timóteo 4:1”

Consistência.

Apesar de haver muitos clichês típicos dos atuais filmes de terror, Annabelle 2 tem cenas bem interessantes, capazes de realmente assustar. O público sabe que vem coisa ruim pela frente, porém não tem como evitar. O suspense não tem o mesmo peso de filmes como Ao cair da Noite ou A Bruxa, óbvio, mas é o tipo de medo ao qual o público mais se adaptou. Gritos, cenas aceleradas, corpos voando, faces sombrias e sons que provocam agonia. Tudo isso está nesse prequel de forma convincente.

Novamente ressalto a importância do roteiro que transformou o público insatisfeito do primeiro filme em espectadores que passaram a gostar do passado por trás da sombria criatura.

Outro ponto crucial para a boa aceitação do longa-metragem foi o estabelecimento de um vínculo entre a boneca e o próprio pai da Bee, este um construtor de bonecas, criador de Annabelle e também um dos que permitiram a entrada do espírito no brinquedo. A ligação entre o casal Mullins e a boneca foi uma ideia muito boa, responsável por dar mais credibilidade à narrativa.

Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. Apocalipse 20:2″

Ao contrário do que está descrito no trecho do Apocalipse, os Mullins não tiveram mil anos de descanso após prenderem o espírito maligno. Além do alto preço pago, a “prisão” da entidade perdeu força com a chegada das crianças órfãs. É como se a alegria e a força vital dessas meninas servisse de alimento para o espírito que habita Annabelle.

Nota: não incluir meninos entre os órfãos foi uma decisão extremamente correta, principalmente se levarmos em conta o fato de que o medo de uma menina é, via de regra, muito mais visível, físico, o que ajuda a aproximar as personagens do público, criando uma empatia com elas.

Efeitos especiais unidos às atuações. E a história por trás da história.

Esses são pontos primordiais da trama. A fusão entre o que é gerado pelos efeitos especiais com as atuações consistentes – principalmente – das meninas é algo a ser elogiado.

Claro que nem só de efeitos se sustenta um filme. Assim, o diretor optou por nos brindar com ótimas explicações sobre cenas de outros filmes. Uma delas diz respeito aos bilhetes deixados por Annabelle que, na minha opinião, ficou perfeito. Outra cena bem abordada inclui a música que Bee amava, explorada em várias outras cenas do filme, criando um clima de tensão interessante.

Vínculos.

Esse longa-metragem é parte do universo expandido de Invocação do Mal. Assim, algumas referência estão presentes no filme, incluindo o casal do primeiro Annabelle e a freira maligna. Outro ponto que achei muito bom foi a ligação, o vínculo entre Janice (Talitha Bateman) e Linda (Lulu Wilson), responsáveis pelos mais tensos momentos da trama. As atrizes são ótimas e reforçam a tese de que terror com crianças tem mais potencial para assombrar, já que acabamos nos apegando a essas frágeis meninas. Ter Janice com problemas para andar por conta da poliomielite é outra ideia ótima, ainda mais quando levamos em conta que ela é a mais frágil diante dos ataques da entidade que reside na casa.

Neste longa, as cenas do poço e a criação de Annabelle lembram, respectivamente, os filmes O Chamado e Brinquedo Assassino, guardadas as devidas proporções.

Incoerências na trama.

Há algumas partes que não são muito coerentes, o que irritou uma parte do público que assistiu comigo Annabelle 2. Entre elas, a mais perceptível foi a insistência em permanecer em um lugar onde há um espírito que mata e tortura psicologicamente garotinhas. Para piorar, após a libertação desse espírito, os Mullins não alertam as meninas e a freira para que saiam daquele lugar potencialmente fatal.

Apesar disso, a trama em si é ainda uma das melhores do universo expandido de Invocação do Mal (The Conjuring).

Não se se foi de propósito, mas…

Eu reparei por várias vezes na semelhança física (não digo igualdade) entre a atriz que interpreta a Irmã Charlotte (Stephanie Sigman) e a também atriz Jennifer Carpenter, a Emily de O exorcismo de Emily Rose. Não sei se houve essa intenção, mas ficou bem interessante. Isso sem falar que Stephanie é muito bonita e talentosa.

É claro que essa impressão aumenta de acordo com a cena em que ela aparece no filme. Logo, assistam e depois me digam se concordam ou não com essa minha anotação.

Sala 4DX.

A sessão que assistimos foi na sala 4DX do UCI do New York City Center, no Rio de Janeiro. Até quase a metade do filme, a relevância dos efeitos provocados na sala em sincronia com o filme foi pouca. Entretanto, assim que chegamos à metade do longa, a coisa esquenta. Só para terem uma ideia, em uma das cenas eu quase saltei da cadeira, achando que a entidade estava me agarrando. Diversão e medo ampliados nessa fabulosa sala de cinema.

Notas finais.

Annabelle 2: A criação do mal é muito superior ao seu antecessor. Os efeitos são ótimos, a fotografia linda, a locação – apesar de limitada – corresponde ao esperado e aumenta a sensação de fobia. Boas interpretações e a garantia de que o Universo Expandido de Invocação do Mal tem tudo para ser um sucesso ainda maior. Um filme que merece ser visto nos cinemas.

P.S.: tem duas cenas pós-créditos. Vale aguardar.

Para não dizer que não falei de flores…

Fechando o post, nada mais justo do que ver até onde vai o pânico das pessoas diante do sobrenatural. E ninguém é mais maquiavélico que Silvio Santos e suas pegadinhas. Essa foi de arrepiar até o mais dos incrédulos. Confiram!

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