Amor.com (2017) | Os prós e contras dos romances na era digital.

Internet. Uma palavra cuja concepção é infinita. Oito letras estas que podem (e têm) aberto espaço dentro do cinema para boas histórias. Com base nesse conceito é que a produtora H2O Films lança o primeiro longa metragem da diretora Anita Barbosa nos cinemas: ‘Amor.com’. É um título tão sugestivo, que o simples fato de indicar um site já mostra a que ele veio. Protagonizado por Isis Valverde e Gil Coelho, é correto afirmar que os produtores souberam utilizar o tema real do relacionamento na era digital inserindo-o de forma divertida nas telas. Então se você pertence a essa geração moderna, dominada por selfies e que vive conectada no mundo da tecnologia, pode ser que a obra lhe agrade. Caso contrário, existe a possibilidade de que um público além do alvo a encare apenas como mais uma comédia com leves toques de romance dispensável. No entanto, a fita prova que com certeza está longe de ser um lixo.

Na trama, Katrina e Fernando são dois influenciadores digitais, que bombam na internet. Ela, com seus milhões de seguidores, é uma das blogueiras de moda mais famosas do país. Ele, falando sobre games e tecnologia, junto com seus melhores amigos, está à frente de um canal com seu fiel público nerd que cresce a cada dia. Os dois se conhecem quando Fernando usa suas habilidades tecnológicas para salvar Katrina de uma situação complicada que pode destruir sua reputação. A partir daí, os universos se misturam e, para ficarem juntos, terão que enfrentar situações inimagináveis: Katrina, rodeada por zumbis em um evento cosplay, e Fernando, por modelos e famosos em uma festa da alta sociedade. Será que um romance está prestes a nascer entre os dois? Primeiramente, todos sabem que aquele velho ditado que diz que os opostos se atraem é controverso, né? Na realidade, aqui é um pouco diferente. A diferença é que os dois podem ser diferentes no quesito estilo de roupas e postura diante da sociedade, porém ambos usufruem a abençoada internet – que como tudo na vida, tem suas vantagens e desvantagens, ainda mais quando se trata de relacionamentos amorosos – em seus cotidianos. Enquanto a mesma facilitou e muito a vida das pessoas no que se refere a entrar em contato com amigos, familiares de forma mais prática, por outro lado ela também tem o seu lado negativo, no caso de ao iniciar uma relação, um dos indivíduos for mal-intencionado e agir sem pensar.

Do mesmo modo, o enredo reforça que duas pessoas com estilo e visões distintas podem sim ter uma chance no amor, o que incrivelmente não foge tanto da vida real, uma vez que a proposta se encaixe perfeitamente no que é normal se ver hoje em dia, ou seja, indivíduos presos ao celular, alimentando o vício em internet, prejudicando a coluna e, sobretudo, a autoestima. Em minha visão, saber que a realidade que vivemos não é tão diferente da exibida em tela foi um dos pontos mais interessantes. Apesar do roteiro enxuto, me chamou a atenção o fato dele mostrar as consequências de escolhas erradas na vida, bem como a certeza de que uma ordinária publicação pode, e muito, interferir no nosso âmbito pessoal. Já a questão de estragar a reputação ou sujar a imagem após vazamentos inesperados, foi tratada de forma leve, sutil e até reflexiva. Além de tudo, sabe aquele filme que você vai assistir sem saber nada sobre? Pois então, foi o que aconteceu comigo. Optei por não ter lido a sinopse, nem ter visto o trailer, e isso só concluiu a minha teoria de que há mais chances de me surpreender com um filme x, dependendo, é claro, de seu conteúdo abordado, afinal nem todos têm o privilégio de sempre receber boas notas. O porém é que a partir daí já adentramos área de gostos pessoais, o que não convém citar ao longo da crítica…rs

Sobre o elenco, embora ‘Amor.com’ tenha seus chavões, ele deixa o fraco ‘Internet – O Filme’ no chinelo. Atrevo-me a dizer que foi muito melhor, porque a diretora soube criar uma história que te prende a atenção do começo ao fim. Não obstante, a proposta foi bem bolada e contamos a presença da linda Isis Valverde desempenhando muito bem o seu papel, assim como o cômico Gil Coelho, que ao lado de Lante (César Cardadeiro) e Panda (João Côrtes), rende tiradas cômicas do mundo nerd. Entretanto, tais piadas referentes à cultura pop farão com que somente os jovens, que foi ou ainda faz parte do universo dos nerds, compreenda e veja a graça nessas sacadas. Já os personagens secundários, tais como a sofisticada irmã de Katrina (Carol Portes), a tradicional mãe de Fernando (Alexandra Richter), o charlatão Guido (Joaquim Lopes) e o bem-sucedido Felipe Filho (Marcos Mion) também não deixaram a desejar e cada um possui a sua relevância dentro da trama, sendo bem desenvolvidos ao longo da trama.

Outro acerto foi quanto à ausência de apelo sexual e excesso de palavrões, que independente de não ser problema para alguns, acaba tornando o filme meio decepcionante aos mais conservadores, pois tal inadequação faz com que os longas brasileiros percam a credibilidade, pelo menos do meu ponto de vista. Por falar nisso, aproveito pra citar três de vários outros filmes nacionais que, em minha visão, são diferentes do comum e saem na frente de muita bomba por aí. São eles: ‘Confia em Mim’ (suspense), ‘De Onde Eu Te Vejo’ (comédia) e ‘O Vendedor de Sonhos’ (drama). Aliás, a premissa tem muito a ver com haters, que são aqueles seres que vivem enchendo as redes sociais de comentários maldosos, pensando que aquilo os torna superiores. É uma pena que eles não têm ideia do quão enganados estão. Agora com relação à trilha sonora, foi mediana, uma vez que faltou mais emoção em meio a esta mescla entre comédia e romance no decorrer de sua 1 hora e meia de duração. Tanto que vendo o trailer pude perceber como não foi legal mostrar praticamente o filme todo.

Ademais, não é de hoje que o cinema brasileiro tem vivido uma grande fase, com lançamentos cada vez mais numerosos e bilheterias cada vez mais altas, arriscando-se em gêneros que vão muito além da comédia e do drama social. Então por mais que para a maioria dos brasileiros ele não passe de um longa esquecível, para outros será um divertido passatempo, completamente voltado ao público jovem. Sendo assim, se você estiver disposto a dar uma chance a ‘Amor.com’, confira-o de maneira despretensiosa e expanda seu conhecimento para um cinema que, de monótono, não tem nada. Felizmente pra mim foi um passatempo divertido, voltado ao público mais jovem. É uma decisão que fica realmente a seu critério, caro leitor. Vai por mim, poder escolher sem se preocupar!

Título Original: Amor.com
Direção: Anita Barbosa
Duração: 92 minutos
Nota:

Trailer:

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