300 – A ascensão do Império. Pela glória do bom combate.

Por: Franz Lima

Frank Miller conseguiu despertar o interesse de muitas pessoas pela história antiga, em especial a que conta a famosa Batalha das Termópilas. A luta de Leônidas e seus bravos 300 guerreiros foi transformada em uma graphic novel de altíssimo nível, plena de ação e violência à altura de um combate como aquele. O filme foi sucesso e muitas frases de “heróis” e “vilões” ganharam força na cultura popular. “This is Sparta” é um dos claros exemplos da influência da obra de Miller, transposta para o cinema de forma brilhante por Zack Snyder.

Alguns anos se passaram e os fãs do longa-metragem aguardavam ansiosos pela continuação. A fonte de inspiração para este novo filme foi uma lacuna, já que havia a hipótese de Frank Miller em pessoa criar uma nova graphic onde a vida de Xerxes seria mostrada. Mas isso não ocorreu.

Temístocles e Artemísia: novos guerreiros.

A ideia de um novo filme era algo viável em termos de lucros. A franquia ‘300’ mostrou-se lucrativa tanto para o cinema quanto para os quadrinhos, pois a obra de Frank Miller teve suas vendas novamente alavancadas para o topo das listas dos mais vendidos. 

Entretanto o foco em um único personagem, no caso Xerxes, mostrou-se impraticável. Apesar do retorno de Rodrigo Santoro à trama, seu papel não teria a influência suficiente para trazer o mesmo número de espectadores do filme antecessor. Assim, sabiamente, os roteiristas optaram por expor a trama da própria batalha das Termópilas, porém com a visão do antes, durante e depois. Quais fatores geraram a guerra entre Persas e Gregos? Quem foi Temístocles? Como morreu Dario, pai de Xerxes? Enfim, o que ocorreu em outros ângulos durante as Termópilas e o que se sucedeu à morte de Leônidas.

Novos guerreiros e visões de uma guerra muito mais ampla que a mostrada em 300.

Sangue, suor e… água.

Um dos diferenciais é a representação das batalhas navais. Há combates em terra, todos magistralmente produzidos com o máximo da coreografia e dos efeitos especiais atualmente disponíveis, mas são as lutas em alto-mar que dão um tom sombrio à trama. O sofrimento dos escravos, o temor da frota ateniense diante de um inimigo numericamente muito superior e a reinterpretação de uma das mais sangrentas batalhas da história (Salamina) mostram que o investimento gigantesco para o filme não foi desperdiçado. 

Especial atenção à ponte que é construída com muitos navios lado a lado, fato historicamente relatado.

A força feminina. 

Contrariando 300, o primeiro filme, este prima por evidenciar a importância da presença feminina. Artemísia é uma guerreira tão implacável quanto qualquer espartano e detentora de um tino tático acima da média. Suas capacidade de combate corpo a corpo são impressionantes, isso sem contar com a ferocidade dela. O destaque fica por conta do retorno da rainha Gorgo que, ao longo da trama, ganha vulto e culmina como só uma espartana poderia: no campo de guerra. A atriz Lena Headey (a Cersei de Game of Thrones) mostra-se uma verdadeira Rainha ao expor sua opinião forte e, principalmente, o ódio pelos invasores Persas.

Políticos

Esse é outra abordagem muito interessante do roteiro. O diretor Noam Murro optou por focar as nuances de se fazer política, mas sempre conectando as presenças dos políticos e seus discursos aos resultados em campo de batalha. É bem nítida a crítica aos homens que decidem sobre a vida e a morte dos guerreiros em prol de seus interesses.

Zack Snyder foi superado na direção?

Zack retorna a esta franquia na função de produtor. Claro que ele teve influência direta no resultado, porém vê-se uma direção que respeita o filme anterior e, em contrapartida, toma rumos que o fazem ganhar ares de uma homenagem ao invés de uma cópia. Sei que muitos irão comparar as duas obras e apontar similaridades, o que não desmerece em nada a abordagem de Noam. 

Entretanto, há passagens onde a ação – esperada pelos mais ardorosos – torna-se quase mínima, principalmente se compararmos os filmes. Há ação? Sim, com qualidade. Mas não há um elemento que dê coerência e controle ao caos, assim como o fez Leônidas. Esse carisma não é encontrado em Temístocles, fato que pode provocar raiva nos fãs de Leônidas e suas frases de efeito. 

As direções são muito boas nos dois filmes, há elementos de homenagem em “Rise of an Empire” e boas atuações. Como diretor, Noam Murro mostrou competência para criar esta sequência e também respeitar os fãs de Miller e da adaptação que Snyder dirigiu.

Conclusão…

Esta obra veio para complementar o espetáculo visual que foi o primeiro 300. O espectador pode contar com uma honrosa sequência cinematográfica que teve o mérito e a coragem de abordar outra batalha épica. A presença de personagens do primeiro filme também é outro ponto de destaque, incluindo um maior destaque para Gorgo e Xerxes, cuja transformação de homem para Rei-Deus é mostrada de forma 100% inspirada nos quadrinhos.

Assista “Ascensão de um império” e prepare-se para mergulhar nos livros de história, pois a curiosidade sobre as tramas e batalhas destacadas certamente virá.

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