Cinema brasileiro ganha “Fôlego”

O fim é um processo difícil de ser aceito, cada um de nós temos nossa forma de reagir e, quem sabe, reviver depois de uma experiência dessas. E foi assim que “Fôlego” foi construído.

O diretor Renato Sircilli procurou, em 2011 seu amigo ator Bruno Moreno com um proposta, fazer um filme baseado nos fatos da dele, pegando imagens reais e algumas cenas que seriam gravadas, misturando, assim, realidade e ficção. Porém as coisas tomaram outro rumo quando, no meio do processo a mãe de Bruno morre.

Entre o luto de Bruno e a tentativa de Renato aceitar o fim das coisas (generalizado mesmo), eles construíram um filme com cara de documentário mostrando a vida de Bruno, deixando de lado a ficção e usando apenas a realidade (embora algumas cenas tenham sido gravadas para reviver algum momento tido como importante).

O filme inteiro se passa quase todo dentro do computador de Renato, ele filmou a tela enquanto fazia as pesquisas e conversava com Bruno, com direito a áudios de whatsapp e músicas do YouTube, além de arquivos gravados pelo próprio Bruno dentro do seu dia a dia.

Durante boa parte do filme fala-se da mãe de Bruno, não da sua morte, como ela viveu e como ele a via. Ele começa falando uma frase bem interessante: “Minha mãe odiava tatuagem, daí quando ela morreu eu fiz todas em homenagem a ela”. Contraditório, mas impactante, não?!

Este não é um formato ortodoxo de se fazer um filme, a linha de raciocínio não começa da direção ou de um roteiro, mas no dia a dia de alguém, muito embora não seja uma biografia. Por isso mesmo é tão difícil de ser aceito quanto o próprio fim, que o filme discute bem.

Se está na minha lista de favoritos? Não!

Mas eu precisava conhecer o estilo, é quase uma figura de linguagem acontecendo na tela, que também é uma tela. A metalinguagem usada é muito interessante, afinal o filme relata como é que ele mesmo foi feito, ou como não foi feito da forma que foi pensada, passando a ser outra coisa.

Bem filosófico, certo?! Embora um pouco parado para quem é acostumado com os filmes tradicionais, não deixem de experimentar um formato novo, podem se surpreender, nem que seja com a criatividade usada nele.

“Fôlego” foi lançado no último dia 29 de julho (domingo) no 13° Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, na seção de “Contemporâneos”, uma forma de incentivar talentos regionais. Também teve uma exposição na segunda-feira, dia 30 de julho, no CCBB.

Além de Bruno Moreno, o elenco traz Luciana Paes, Maria Emília Fagnello, Paola Lopes, Rodrigo Batista e Sofia Botelho.

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