Céu e Inferno – “A Comédia Divina”

Sabe aquela história que brasileiro não tem limites? Então, pegamos a Divina Comédia de Dane Alighieri e fizemos algo um tanto quando controverso, tudo com um excelente tom cômico.

Apesar de lembrar mesmo o poema de Alighieri, o longa não é baseado nele, talvez apenas por trazer muitos dos elementos da cultura e fé cristã.

Esta comédia mostra o início da carreira de uma jovem jornalista, Raquel, que se envolve com um dos seus professores, ancora de um programa de notícias de um canal sem muita expressão, Mateus. Quando o canal precisa de alguém para substituir uma jornalista demitida, Mateus indica Raquel, dando a seus superiores referências falsas sobre ela.

Enquanto isso o Diabo enfrenta uma crise, os humanos não têm mais medo dele quanto tinha antigamente, tudo está muito pop e a imagem dele se popularizou muito. Então ele se reúne com seus demônios, eles precisam criar uma estratégia para que a situação se reverta ou que as pessoas passem a o adorar.

Antes de mais nada, o Diabo, que é o anjo caído, Lúcifer, vai encontrar com sua mãe (sim, mãe, não pai), Deus. No momento ele só quer ameaçar e assustar os anjos, incluindo o seu irmão, Gabriel, mas Deus não se abala e mantém o bom humor.

Lúcifer vem para a Terra sem disfarces, mostra-se exatamente quem é e cria uma igreja, nos moldes da igreja católica tradicional, com direito a sermões e cânticos. Mas ele defende os sete pecados, distribuindo até lanches durante as sessões.

Raquel é a escalada para cobrir a ascensão da nova igreja e acaba seduzida pelo Diabo, não sexualmente (apesar de ser passada a ideia), mas sim pela ganância. Ele passa para ela o desejo de crescer na carreira, apresentando assim o projeto de ter um espaço na televisão.

Lúcifer se associa ao canal e torna Raquel a diretora geral. Por um tempo eles vêm os números subindo e Raquel dá as costas para quem a levou para o canal. Mas o sucesso é passageiro, em pouco tempo as pessoas passam a realizar boas ações em segredo, fazendo diminuir os números de audiência.

A controvérsia nesse filme aparece em todos os momentos, ele com certeza nos faz pensar nos sete pecados e naquela linha tênue entre o certo e o errado. Parece que podemos cair em tentação mesmo sabendo todos os riscos, para os religiosos isso pode ter sido levado a muito sério, muitos podem interpretar alguns detalhes como desrespeito a religião e a fé.

Mas eu recomendo que assistam antes de falar qualquer coisa sobre ele, os detalhes chamam muita atenção e a reflexão é necessária.

Tem três detalhes maravilhosos:

  • Todos os personagens têm nomes bíblicos, mas todos cometem pecados sérios durante o filme: Raquel é gananciosa, Mateus é tentado pela luxúria, Santana é guloso, Lucas é ciumento, e assim por diante;
  • Deus é uma mulher… Sim meus leitores, uma mulher!!!! Querem representação do empoderamento feminino do que isso? E digo mais, uma mulher poderosa, humilde, bem humorada e justa, como Deus com certeza é.
  • Gabriel, o arcanjo irmão de Lúcifer, é claramente gay. Mais uma representatividade maravilhosa!

Há uma forte crítica para os grandes canais de televisão e de entretenimento atuais, mostrando que muitos ultrapassam os limites morais para conquistar meros números de audiência.

O elenco ajuda muito no quesito comédia. Mônica Iozzi, jornalista e atriz mais do polêmica, conhecendo muito bem os altos e baixo destas profissões, interpreta Raquel, Dalton Vigh traz o teor sexy a Mateus e Zezé Mota é a poderosa Deus (se ficarem com pé atrás com o filme, assistam só por ela, vale muito a pena).

Murilo Rosa traz todo o charme perigoso de Lúcifer, o diabo em pessoa e maldade. Thiago Mendonça é o ciumento, mas carinhoso e atencioso, Lucas. Juliana Alves se destaca como uma demônia, Lilith, braço direito do diabo.

Fonte: Globo Filmes

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