Capitão América: Guerra Civil (2016)

Após uma ação envolvendo os Vingadores resultar em graves efeitos colaterais, as Nações Unidas decidem que os heróis devem se tornar um grupo oficial sob a chancela da comunidade internacional. Tomado pelo sentimento de culpa e remorso, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) apoia a ideia, assim como a Viúva Negra (Scarlett Johansson),Visão (Paul Bettany) e Máquina de Combate (Don Cheadle). Já o Capitão América (Chris Evans) possui motivos para assumir postura contrária a esta ação, assim como seu parceiro Falcão (Anthony Mackie). A divergência se complica depois que o soldado invernal Bucky Barnes (Sebastian Stan) é implicado em um atentado terrorista. À medida que o conflito aumenta de escala, outros personagens se envolvem, como Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Homem-Formiga (Paul Rudd), Pantera Negra (Chadwick Boseman) e o Homem-Aranha (Tom Holland).

cwposterEm primeiro lugar, se você leu as HQ’s ou ao menos sabe do que se trata a Guerra Civil dos quadrinhos, esqueça! É melhor, para evitar comparações desnecessárias. De semelhanças entre as duas obras, somente o título mesmo. O contexto aqui é completamente diferente, como não poderia deixar de ser, levando em consideração tudo o que foi criado e construído desde o primeiro Homem de Ferro (2008). Todos sabem que é o Homem de Ferro desde o final do seu primeiro filme, a identidade do Capitão América nunca foi segredo, os agentes da SHIELD Viúva Negra e Gavião Arqueiro também agem livremente (sorte do Jeremy Renner não ter que usar uma máscara roxa ridícula). Então não haveria nenhum sentido usar a premissa dos quadrinhos da Guerra Civil ser sobre registro de heróis (e, registro nesse caso, significa revelar sua identidade secreta ao mundo).

Outro ponto: nos quadrinhos, quase todos os personagens da Marvel estão envolvidos no conflito, e isso inclui o Quarteto Fantástico, os X-Men e uma infinidade de personagens, que não estão em poder do Estúdio. E, apesar dos acordos recentes com Fox e Sony, seria muito difícil compartilhar cenas de tantos personagens em 2:30h sem rebaixar alguns a mero coadjuvantes, o que poderia irritar alguns fãs. Portanto, a quantidade de personagens utilizada neste filme ficou de bom tamanho. Se bem que se o Deadpool estivesse por aqui, já saberíamos a opinião dele sobre os motivos econômicos da restrita quantidade de personagens…

O que temos abordado no filme é um acordo, chamado de Tratado de Sokovia (homenagem ao País arrasado no filme Guerra de Ultron), que limita a atuação dos Vingadores e os deixam subordinados à Órgãos Governamentais, como a ONU. A tal “Guerra Civil” acontece então por um conflito de ideais, pontos de vista, que envolve sentimentos e concepções de responsabilidade e justiça, somados a uma crescente tensão entre Steve Rogers e Tony Stark que já estava se desenvolvendo nos filmes anteriores e chega a um limite neste longa.

O interessante é que nenhum dos lados está necessariamente certo na disputa, e eles mesmos sabem disso. Os argumentos de cada um são convincentes e condizentes com suas realidades e experiências de vida. Mas as razões e atitudes tomadas tanto pelo Homem de Ferro quanto pelo Capitão América tomam proporções que acabam por tornar inevitável o conflito, assim como forçar o envolvimento de seus aliados a tomar um partido, mesmo contra suas vontades ou convicções. Passamos então a acompanhar amigos (ou ex-amigos) obrigados a brigar entre si, em razão do que cada um acredita ser o correto a fazer. Ao ponto de vermos um praticamente pedindo desculpas ao outro por estar batendo nele. Resumindo, não é uma questão simples como escolher ficar ao lado do seu herói preferido só porque ele é o mais forte ou o mais legal. Envolve toda uma gama de razões, envolvendo direitos, deveres, responsabilidades, erros, acertos, justificativas, conceitos, caráter, culpa, amizade, respeito e até questões familiares (mas aqui não rola coincidências de nomes maternos).

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Quase todos os heróis apresentados nos filmes anteriores, com exceção de Thor e Hulk, estão presentes e acabam assumindo um lado na história. Mas, curiosamente, o filme ainda é do Capitão América, o que justifica o título. Temos um bom tempo de filme dedicado ao Stark (Robert Downey Jr., mesmo mudando gradativamente o tom e humor de seu personagem ao longo dos filmes, ficando mais sério, triste e até um pouco chato, continua carismático e chamando a atenção para si em suas cenas), mas o filme existe em virtude das atitudes tomadas por Steve Rogers e seu sentimento de amizade por Bucky.

Mesmo sem o nome oficial, o filme funciona como um “Vingadores 2.5”, que usa apenas as consequências humanitárias de “Era de Ultron”, e serve para os fãs relevarem de vez o fracasso da última reunião do grupo e voltar a se divertir com um filme dos Vingadores. O tom abordado pelos filmes da Marvel é considerado bem mais leve do que os filmes da DC (e minhas comparações terminam aqui para não incitar mais violência), e quando se tentou fazer um filme totalmente “sombrio” em “Ultron”, derraparam feio. Então, nada mais natural do que voltar ao que faz de melhor: ação e humor. Mesmo abordando um tema complexo e tenso, ainda temos espaço para alívios cômicos e descargas de adrenalina com as sequências de lutas. Na minha humilde opinião, a sequência do aeroporto foi a melhor cena de batalha envolvendo heróis que já vi na história do cinema, e será muito difícil superá-la. Só essa cena já vale o filme inteiro.

Apesar do total protagonismo do Capitão América e do Homem de Ferro, a ponto da campanha de marketing sugerir que todos escolham um lado, “Time Rogers ou Time Stark”, são dois personagens “novatos” (pelo menos neste contexto dos Vingadores) que chamam mais a atenção. O primeiro é o Pantera Negra, que aparece tanto em sua face diplomática de príncipe T’Challa quanto guerreira. E quando ele está com seu uniforme, não decepciona nas cenas de ação. Para os que acharam que inserir o personagem agora poderia tirar um pouco o foco de seu filme-solo previsto para 2018, provavelmente o efeito será totalmente o contrário, só aumentando a expectativa, visto que seu filme será ambientado em sua terra-natal Wakanda.

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O segundo herói, que rouba a atenção em todas as cenas que aparece, é o Homem-Aranha. Tentando não estragar nenhuma surpresa para quem ainda não viu o filme, o que posso adiantar é que (1) novamente um estúdio não nos permitiu o impacto do fator surpresa, divulgando em trailers e imagens de divulgação o visual do Aranha. A diferença é que, pelo menos aqui, ainda tinha muita coisa a mais a ser vista, não estragando a experiência de assistir o filme já sabendo tudo o que ia acontecer só usando a lógica e os vídeos divulgados com antecedência. (2) o personagem está inserido na história central. E isso é muito bom, pois a trama não precisa parar para a gente acompanhar Peter Parker em alguma história paralela. O filme já te leva direto ao ponto, sem precisar recontar mais uma vez sua história de origem (caberia aqui uma piada fúnebre sobre o Tio Ben, mas não achei uma frase apropriada…). Aliás, que upgrade na Tia May!!! (3) Apesar de Peter já ser o homem-aranha, ele ainda está em início de carreira, e é um adolescente. E essa personalidade moleque finalmente é retratada da maneira mais fiel e digna com relação aos quadrinhos. Apesar da Sony ter realizado alguns filmes bons do herói (Homem-Aranha 2 ainda é um dos meus favoritos), posso afirmar que temos o melhor Homem-Aranha e o melhor Peter Parker (Tom Holland) já visto no cinema. A expectativa para seu filme solo previsto para 2017 já é a maior pra mim desde que foi anunciado que teríamos um filme dos Vingadores.

E aí, galera?
E aí, galera?

Concluindo, Capitão América: Guerra Civil é um filme excelente, que sabe equilibrar de maneira certa ação, humor e drama, soube explorar as características e poderes de seus personagens, respeitando a importância de cada um e apresentou novos heróis de maneira satisfatória. Os irmãos Joe e Antonhy Russo e os roteiristas entregaram um filme grandioso e competente, que consegue ser sério e divertido ao mesmo tempo. Os efeitos e marcas deixadas por este conflito em cada personagem certamente serão explorados na Fase 3 do Estúdio, preparando o terreno para os próximos acontecimentos que culminarão em Vingadores: Guerra Infinita em 2018 e 2019. Ou seja, renova o nosso cartão fidelidade com o estúdio e satisfaz todas as expectativas.

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8 Comments

  • É nota mil.
    Filmaço.
    Tô até agora arrepiado.

    • Salve Emissário. Cade nossa Crítica?

  • Emissario tem nome e é Alex? pensei que era Moura!

    • KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Piadas sempre são eternas, não importa a onde estamos.

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