Batman: Ano Um. Review do longa de animação.

Batman: Ano Um respeita o fã da HQ original

As informações abaixo não são Spoilers, leia sem medo.

Cheguei a pensar que este seria mais um longa que por ser baseado em uma HQ, onde o fato de muitos fãs já conhecerem a trama, provocaria nos produtores uma reação de despreocupação com o produto final. Explico. Há desenhos animados em longa ou curta-metragem que se baseiam em quadrinhos. Fruto ou não da pouca imaginação dos roteiristas, o fato é que as adaptações são uma realidade cada vez mais presente, principalmente a partir da década de 1990. Algumas adaptações – não apenas de 90 em diante – trazem um conteúdo agradável para o fã, para os que desconheciam o trabalho e também para os especialistas neste tipo de produção. Obras como “A bela e a fera”, “Alladin” e “Aeon Flux”, baseadas em fábulas, histórias de outros povos ou quadrinhos são grandes transposições de seu formato original para a animação. Outras produções como “Avatar, o último dobrador de ar”, “Coragem, o cão covarde” e outras mais são resultado direto da vontade de criar algo inovador e interessante para todas as faixas etárias.

“Batman: Ano Um” não pode pecar. A história é bastante popular e, entre os fãs do Morcego, está no mesmo patamar que “A piada mortal”, “Asilo Arkham” e “O Cavaleiro das Trevas”. David Mazzuchelli ilustrou magnificamente as idéias que Frank Miller – como roteirista – expôs. O resultado é uma expansão no passado do Batman, mostrando as dificuldades e dilemas do jovem Bruce Wayne para se tornar o mais ameaçador combatente do crime. Os primeiros dias do Morcego foram realmente muito complicados.

E é isso que vemos no longa-metragem animado. Wayne ainda é um jovem atormentado pelo desejo de combater o crime, ainda sofre com a perda dos pais. Mesmo sendo um combatente preparado anos a fio para a guerra, sua inexperiência o coloca em péssimas situações.

Paralelamente a isto, acompanhamos o tenente Gordon, transferido há pouco tempo para a polícia de Gotham. Um agravante: sua esposa está grávida. Outro agravante: sua honestidade não é compatível com a realidade policial que encontra.

A animação está fiel aos quadrinhos. A transposição da nona arte para o desenho animado não destrói o que Miller e Mazzucchelli construíram. A violência permanece, mas não gratuitamente, apenas para nos mostrar o quanto uma grande metrópole (em qualquer lugar do mundo) pode ser cruel e impiedosa.

As dúvidas e temores de dois combatentes do crime – Wayne e Gordon – são relatados de forma convincente e não irão decepcionar os fãs da HQ. De igual forma, os que ainda não conhecem a obra original irão findar a animação com vontade de ler e ver uma das histórias em quadrinhos mais influentes na mitologia do Cavaleiro das Trevas.

Considere que a HQ recebeu um complemento ao ser animada, propiciando uma outra visão aos fãs de “Ano Um”.

Contudo, não vá esperar algo inovador visualmente ou com um roteiro revolucionário. A revolução que “Batman: Ano Um” fez já está presente em quase todas as produções posteriores à HQ. Um grande influenciado por esta história e suas ilustrações foi Christopher Nolan em “Batman Begins” e, além do que já citei, isso já basta para mim.

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