Conto: “Visitante”.

Ao longe, ouço o som dos passos. O pisar é suave e ritmado, quase uma marcha. Tenho consciência do meu destino, mas não quero aceitá-lo. Por que eu?
Contemplo sua sombra aproximando-se pelo vão da porta. Ela é fina como o fio de uma foice. Algo a ver com sua lendária imagem? Não sei. Vejo-me indefeso como nunca estive.
O momento torna-se quase dramático. Eu possuo o conhecimento sobre o que virá, mesmo sem desejá-lo.
Repasso meus bons momentos, como se quisesse viver tudo novamente. Tarde demais.
A porta é aberta e nos olhamos pela primeira e única vez. Por que não sorrimos?
Percebo agora que a aguardei toda a minha vida.
Para que lugar foram o medo e a tensão?
Obrigado por ter vindo. Gostaria de tê-la encontrado antes, porém isto não diferencia nada, já que teremos a eternidade só para nós…

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